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15 de fevereiro de 2012

Editorial: Arrancada X Rachão: Um ano de incertezas

Bem amigos, como diria o folclórico narrador esportivo, 2012 começou complicado para os amantes, de fato, da Arrancada. Porém voltarei em 2011 para completar o raciocínio que aqui compartilho com vocês.

Para muitos o ano de 2011 foi sensacional, com muitos carros de ponta, recordes e disputas acirradas por títulos nas categorias, o que realmente aconteceu e sem dúvida é positivo.Mas se pararmos para avaliar o “esporte” como um todo, sensacional seria um adjetivo que não caberia de forma alguma.

Primeiro, explico o por que da palavra esporte vir acima entre aspas: Principalmente pela atitude dos responsáveis pelo show, os pilotos, não dá para encarar a Arrancada como esporte hoje em dia, já que estes, em sua maioria, pensam somente no próprio nariz quando tem a oportunidade de externar suas opiniões, como foi visto na reunião e nos eternos debates em fóruns, a respeito do regulamento para a temporada atual. Outro ponto é que reclamam, reivindicam melhorias na segurança, na organização dos eventos, nos preços e na infra-estrutura, mas não são capazes de se unirem e busca de um objetivo em comum, ou seja, a Arrancada hoje é uma disputa movida pelo ego, de ser o melhor, de estar no topo, mesmo que por um curto prazo. Restam poucos pilotos que enxergam lá na frente, e me arrisco a dizer, estarão na arrancada lá na frente.


"A reunião foi uma ótima oportunidade para os pilotos serem ouvidos, e contou com transmissão ao vivo do Hotcampinas, mas durante a semana e com início no horário do Rush, muitos foram impedidos de participar"

Voltando ao motivo pelo qual a Arrancada em 2011 foi legal, mas longe do sensacional, temos a batalha dos recordes, algo que com base na fórmula atual, bate de frente com a essência da disputa, que é chegar na frente!Ao cobrir etapas, me deparei diversas vezes com um carro saindo na frente, muitas vezes com reação próximas de 0,000 e o narrador dando atenção ao carro que ficou para trás, já que este virou uma parcial de 60 pés digna de encaixar o “recorde”.Ao meu modo de ver recorde deveria ser computado no tempo total ou seja: Tempo de Pista + Reação.Um piloto, para colocar seu nome na história de uma pista, tem que ser bom de farol, e dessa forma o recordista com certeza terá andando na frente durante a puxada, fazendo por merecer o destaque na narração.


"Temos nossa opinião sobre os recordes, mas não podemos tirar o mérito, de forma alguma, dos pilotos que deram show e provocaram temporais em 2011, como Edvan Menezes, Celso Camargo, Guilherme Emiliano e Carlos "Lelo" Bento"

Somado a este e alguns outros motivos pelos quais a Arrancada Profissional vem enfraquecendo, temos os Rachões, que são os campeonatos de uma noite.Os motivos que prendem os pilotos a estes são justamente a oportunidade de sagrar-se campeão em um dia, ou seja, satisfazer seu ego mais rapidamente, e o “prêmio”, que é pouco, mas é melhor que nada, como dizem os pilotos de rachão a respeito da Arrancada que não premia em dinheiro.


"Rachões cada vez mais atraem expectadores e pilotos que querem acelerar com segurança e menos burocracia, mas são vítimas de uma organização que nem sempre olha para o lado dos protagonistas do show"

Os rachões com seus mata-matas, movem uma legião de fãs dos lendários Gols e Opalas, mas que quase sempre estão sendo engolidos pelos fuscas movidos a motor AP. Ou seja temos 3 ícones da indústria automobilística nacional, se enfrentando, e atraindo muita gente que gosta de ver esse confronto, que paga para estacionar, paga para assistir, paga para comer e está deixando os organizadores babando pelas altas cifras que um evento do tipo proporciona, sendo assim Rachão é a tendência da moda em 2012, porém tem muito aventureiro sem preparo querendo encher o bolso com esses eventos, mas tem gente com gabarito também promovendo, porém só pensando no retorno financeiro.E os pilotos, ah os pilotos que foram citados lá em cima como incapazes de se unir por um objetivo se submetem a pagar caro, acelerar pouco, já que para a organização quanto mais carros melhor ( $$$ ) e o pior de tudo, acelerar na chuva, em condições que podem colocar em risco seu patrimônio, e sua vida.Temos o recente exemplo do último Rachão em Interlagos, em 21/01, onde o piloto do famoso, e forte, fusca rosa perdeu o controle e bateu no muro, sendo quase arremessado para fora do carro devido a abertura da porta. Segundo relatos de participantes, o carro já apresentava dificuldades no fechamento da porta desde os boxes, ou seja, a vistoria também deixa a desejar nesses eventos, seja para a segurança ou até mesmo por regulamento, já que na batida ficou nítido que o carro possui peças de fibra, o que “diz a lenda” é proibido. Na edição do dia 11/02, a 2ª etapa do evento, novamente a chuva caiu forte o foram 4 acidentes presenciados por nós, com prejuízos novamente apenas no quesito material, mas fica a pergunta, até quando???

"Fusca bateu forte e gerou polêmica com suas peças de fibra, piloto saiu ileso" 

Da mesma forma que alguns pilotos do rachão tem a oportunidade de colocar seu nome em destaque rapidamente, alguns organizadores vêem a oportunidade de encher o bolso com a mesma velocidade, fazendo com que o evento cresça desgovernadamente, sem respeitar datas de outros eventos oficiais, horários de início e fim, e os padrões de segurança, já que a maioria não permite o uso de Santo Antônio, amparados na essência dos Carros de Ruas, que todos sabem, já morreu nos rachões faz tempo! Poucos se preocupam com as mudanças, e quem deveria se preocupar mais, só quer saber de acelerar...então segue o “jogo”!

É preciso que alguns conceitos sejam revistos, nas duas formas de competição, para que uma não abocanhe a outra, afinal ambas tem particularidades marcantes e que as diferem muito. Não sou contra os rachões, apenas me preocupa a probabilidade destes se tornarem falsas arrancadas. O rachão deve sim existir para quem não quer se submeter as falhas que também existem na Arrancada Profissional, como a falta de prêmios, mata-matas e regulamentos que demoram para se consolidar, deixando sempre brechas, mas não pode ser o tumor de um campeonato onde equipes e pilotos trabalham para ter um carro regular durante uma temporada inteira e se consagrar ao final do ano apenas, conceito este, que é o único que faz lembrar um pouco a palavra ESPORTE, no sentido literal e com letra maiúscula.

Por  influências do ano passado, e algumas notícias como o provável fechamento da Pista de Saltinho e o campeonato de Arrancada em Artur Nogueira, que depois de uma última etapa esvaziada em 2011, deve perder espaço para os rachões, o ano de 2012 começa complicado para nós, amantes da Arrancada.

Texto: Thiago Böttcher
Fotos: Acervo do Blog

5 comentários:

  1. O problema é que a incoerência desses regulamentos que beneficiam apenas a minoria afortunada, vai fazer com que os verdadeiros amantes da arrancada, que lutam a anos para montar um carro dentro de um regulamento limitado como era antigamente, desistam da arrancada profissional, pois se tornou completamente impossível de competir, basta ver a categoria PRO-MOD em que ponto chegou. Como você vai montar um carro nacional, com um orçamento limitado e andar contra os carros que estão vindo prontos dos EUA, com blocos de 600 polegadas que rendem mais de 3000hp, todo de carbono e alumínio. Somamos isso ao custo altíssimo para fazer uma carteira de piloto, dinheiro que por sinal a CBA não retorna nada para o ESPORTE ARRANCADA, custos altíssimos de inscrição, equipamentos de segurança cada vez mais caros, e cada vez exigem mais, até para categorias mais simples, que realmente não se faz necessário tanto, como hans, santo antonio, para-quedas, etc. Tudo isso vai fazer com que a arrancada perca muito, pois a minoria do $$ não conseguem fazer o SHOW sozinhos, e isso vai fazer com que os famosos "rachões" se tornem cada vez mais populares. Eu sou muito a favor, inclusive sonho que um dia no nosso Brasil possa ser organizado algo do estilo "Pinks all out".. A galera gosta, os pegas são inusitados, pois é uma variedade de carros de marcas diferentes, tração diferente, tamanhos de motores diferente, turbo contra aspirado, e isso chama público, isso da renda, ou seja é muito rentável aos organizadores. E para quem gosta de acelerar é bom também, pois não precisa ter carteira de piloto, você pode acelerar de igual para igual com muitos amigos, a inscrição é barato, ou seja, eu tenho certeza que com bons autódromos aqui na nossa região, é oque mais vai se destacar, pois pista de arrancada, com eventos a cada 2 meses, com certeza vai demorar muitos anos para esse investimento todo retornar.. bom o que importa é acelerar... Abraços.

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  2. Na minha opinião, a arrancada é que é a falsa arrancada. Nos rachas, existe competição real, disputa de verdade. Quem ganha é quem chega na frente e não basta fazer uam puxada "espírita" para bater um recorde e ser alguém.

    Carro bomba em racha não tem utilidade e os rachas seguem a verdadeira filosofia de uma competição de arrancada, que foi consolidada nos anos 50: Disputa numa eliminatória de 16 ou mais e ao final o vencedor ganhou UMA ETAPA. Bater um recorde não é ganhar nada.

    Corrida de arrancada sem eliminatória nao é corrida.

    Corrida com carros lentos não tem apelo como show.

    Numa prova com 20 categorias, consequentemente 20 vencedores, na verdade ninguém é vencedor.

    O racha atrai público e pilotos porque é "de verdade". Arrancada do jeito que está hoje só tem um destino: O buraco.

    Abraço.

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  3. Olá Thiago!

    Me intimou, aqui estou! rsrsr

    Eu creio, pelo rumo que as coisas tem tomado, que a arrancada ainda vai mudar bastante. É um processo demorado, mas se analisarmos, nos últimos 5 anos já mudou muito. Os pneus slick se tornaram uma coisa corriqueira, foram eliminados os bancos do passageiro e outras peças inúteis aos carros de corrida que representavam apenas riscos desnecessários... Os carros estão muito mais rápidos...

    Há 5 anos atrás, quando alguém propunha essas coisas, levava vaias e era chamado de louco. Naquela época julgavam isso impensável, hoje é a realidade diária de quem corre.

    Mas ainda deve mudar muito mais, isso se quiser continuar tendo espaço. Afinal, como você mesmo disse, hoje existem rachas por aí que estão dando mais lucro, atraindo mais carros e proporcionando uma competição muito mais autêntica.

    Talvez esteja aí mesmo a receita para o futuro: Olhar o que tem funcionado fora da "arrancada" e comparar com o que está sendo feito dentro dela e não está funcionando.

    Abraço!

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  4. Tá complicado fazer carro de arrancada gastando 1 apartamento p/ chegar o ano que vem tudo mudar não vira . A pequena saida é rachão depois Track-Day ou partir p/ motos asim gastamos e nos divertimos muito + .
    Autobobilismo aqui em BR já tá meio em baixa campeonato paulista de velocidade , coitados não tem ninguem , arrancada em SP é 201m e pistas (%$#&¨%$) regulamentos é de dar risada .
    opinião de quem participava e trabalhava no meio .

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  5. A saida e andar na desafio que nem tem aqui no RIO GRANDE DO SUL

    Sao 3 campeonatos dentro de um so,quem quer gastar menos anda nas classes de tempo,quem investe mais anda no TOP 8 OU TOP 16.

    Alem da vantagem de nao ter regras absurdas o que tor na algumas categorias caras nao precisa da carteira da CBA que o dinheiro nao tem retorno nenhum o valor da inscriçao em TARUMA e DEZ PILAS!!!

    Fica facil andar assim.

    Abraços eduardo

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